Nevoeiro | Episódio 9 | Temporada 1

The Mist é uma das típicas produções para televisão que funcionariam melhor no formato de minissérie ou antologia. Com sua primeira temporada quase que inteira preenchida por fillers e repetições, somente agora, na reta final, testemunhamos o mínimo de progressão narrativa, avanços na histórias esses, que poderiam facilmente ter acontecido logo nos episódios iniciais. Dito isso, sem qualquer esclarecimento sobre o que exatamente é o nevoeiro, vimos, enfim, a trama se movimentar para onde deveria ter ido desde o começo: a união dos diferentes grupos, os quais acompanhamos desde o início da série.
Essa união, porém, é apenas iniciada aqui em The Walking Dream, visto que a chega ao shopping por parte de todos os personagens centrais apenas se concretiza ao final do capítulo. Até lá, o que vimos foi uma mistura da enrolação típica do seriado – no núcleo de Kevin -, com alguns detalhes que, de fato, colocaram a narrativa em movimento, especificamente nos núcleos do shopping e da igreja. Mesmo muito aquém do que poderia ter sido apresentado, o capítulo, ao menos, coloca as peças no lugar para um finale cheio de conflitos, na semana que vem.
Começaremos pelos pontos que funcionam como pura enrolação. Toda a interação de Kevin e o garoto que fora expulso do shopping com o sujeito desconfiado dentro da casa é desnecessário, presente apenas para justificar o fato deles terem encontrado a chave do carro do exército, algo que funcionaria plenamente caso tivessem se deparado com tal objeto no corpo dos soldados no chão. Naturalmente que esse conflito também é utilizado a fim de trazer mais um encontro de Kevin com seu eu-sombrio dentro do nevoeiro, questão que poderia, também, ser resolvida em outro momento, já que ele andou pela névoa mais de uma vez no episódio. A presença desse trecho, então, permanece com a única função óbvia de adiar a chegada do personagem ao shopping, para que os momentos mais dramáticos permanecessem no final da temporada.
Felizmente tal questão é quase contra-balanceada pelos núcleos da igreja (não mais nesse local) e do shopping, ambos progredindo mais fluidamente, com leves deslizes. De fato, no arco de Nathalie não houve tropeço – as cruéis mortes mostradas aqui funcionam perfeitamente para demonstrar o fundamentalismo tanto dessa “profeta” quanto de seu mais fiel seguidor, o policial, nos deixando curiosos acerca do futuro encontro deles com os sobreviventes no shopping. Enquanto isso, a perseguição à Alex é bem encaixada com o reencontro com Adrian, que prova ser a figura mais psicopata da série, sabendo facilmente controlar suas próprias (falsas) emoções e manipular aqueles ao seu redor. Evidente que isso caminhará para um embate entre Kevin e Eve, que provavelmente não irá acreditar de imediato nas verdades ditas pelo marido.
Evidente que alguns aspectos permanecem requerendo de nós um excesso de suspensão de descrença, com o fato da explosão da granada não ter sido escutada pelo menino que acompanhava Kevin ou de ninguém ter cruzado o caminho com aqueles que acabaram de chegar no shopping. Tudo ocorre da maneira mais conveniente possível, vide Adrian se encontrando primeiro com Alex e Jonah com o outro soldado, cujo motivo de ter apagado Jonah permanece um mistério, já que esse, aparentemente, é de uma patente superior, como mostrado ao fim do capítulo. Além disso, como ninguém viu Mia a caminho do escritório do gerente? São pontos como esse que quebram nossa imersão, prejudicando o episódio como um todo.
Ainda assim, The Waking Dream prova ser muito superior à grande maioria dos episódios da série, visto que, ao menos, apresentou alguns avanços em sua trama, muito mais do que podemos dizer de outros, os quais configuraram-se como meros fillers. Resta saber e torcer para que mais informações sejam oferecidas no season finale, na semana que vem – caso contrário essa terá sido uma temporada para lá de decepcionante.